Chamada aberta ARA 5 PYAU

A Revista ARA está com chamada aberta até o dia 26 de junho 2018,

Configurações: entre limites e indeterminação 

será o tema da edição ARA 5 PYAU Primavera+Verão 2018,

Celso Favaretto, Professor Livre Docente da Faculdade de Educação, convida para reflexão:

Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.

Ao se recusar as promessas redentoras da totalidade, da teleologia dos sistemas de pensamento, enfim dos sistemas de representação, a aposta que se tem que fazer é a de não se render à tentação de preencher, de colmatar, um suposto vazio; talvez a aposta seja a de trabalhar nos interstícios, nas fissuras desta experiência difícil de configurar. Talvez se trate, na linguagem, no pensamento e na arte de assumir as coisas em sua singularidade e na forma, onde podem aparecer frestas, deslocamentos e aí descobrir, como na música, uma dicção, um timbre, uma tonalidade. Assim, ao invés dos desenvolvimentos críticos habituais, em que o que é pensado como resistência ainda vive das ilusões do sujeito, da totalidade, das promessas da razão, trata-se de explorar a resistência na forma – na linguagem, no pensamento, na arte, pois “só a forma ataca o sistema em sua própria lógica”[1]. Nesta perspectiva, criticar é jogar, desde que se enunciem as regras do jogo. Criticar, resistir, é uma aposta.Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.

Assim entendendo, a nossa atualidade, esta perspectiva do que pode ser o nosso contemporâneo como singular relação com o tempo, implica uma contínua e variada reflexão que incide nas descontinuidades dessa paisagem desconhecida, que aqui e ali, em surpreendentes lances   articula rigor simbólico e maleabilidade de comportamentos; ideias e ações que não são suficientemente fortes para fundamentar uma prática com poder de transformação, mas que antes investem ações fundadas nas intensidades do instante e do gesto. Não mais interessada em problematizar a ideia de arte, seus processos e promessas, mas na sua materialidade propriamente reflexiva e comportamental, a questão toda agora é a da eficácia das ações. Lembrando   Oiticica: “a tarefa do artista não é criar, é mudar o valor das coisas[2]. Feitas de vigor de pensamento e de paixão, estas ações muito longes de qualquer desejo de totalização da experiência, como ocorre nos cálculos das culturas de consolação – sejam aquelas apoiadas no estilo, nas maneiras de apresentação dos objetos, em que vige a estetização generalizada; sejam as que acreditam que a arte e a cultura podem salvar o mundo – não nos demitem da obrigação de construirmos nosso itinerário de salvação. Rejeitando o aceno reiterado que vem de toda parte que afirma uma espécie de unidade em que, como diz Lyotard, “todos os elementos da vida cotidiana e do pensamento encontrariam um lugar como em um todo orgânico”[3], ambas as direções aspiram à restauração de fundamentos e modos de vida. Nos dois casos a “arte” e a “cultura”, entificados, realizariam no futuro do presente essa crença no poder redentor dos sonhados limites que uma vez teriam garantido – mas embalde – a emancipação do homem de sua menoridade.

 

 [1] Jean Baudrillard. De um fragmento ao outro. Trad. Guilherme J. de F. Teixeira. São Paulo: Zouk, 2003, p. 39.

[2] Hélio Oiticica. Experimentar o experimental (1972). Navilouca. Org. Torquato Neto e Waly Salomão. Rio de Janeiro: Gernasa, 1974

[3] Jean-François Lyotard. O pós-moderno explicado às crianças. Trad. Tereza Coelho. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987, p. 15.

 

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Prorrogado prazo Revista ARA 4 Ymã até 15 de dezembro de 2017

As Contribuições para ARA 4 YMÃ Outono+Inverno 2018
serão recebidas de 22 de setembro a 15 de dezembro de 2017.

O número Quatro da Revista ARA aceita submissões subordinadas ao tema – Espaços em movimento. O texto a seguir visa debater alguns aspectos para incentivar múltiplas colaborações, confira o artigo da chamada com o tema: Espaços em movimento: rotas cruzadas de Maria Cecília França Lourenço, convite para reflexão.

Baixe aqui as Condições para Submissão.

Para diagramar e adequar sua submissão às normas de edição e formatação,
baixe o Modelo ARA e utilize os estilos definidos pela Editoria de Arte. 

Modelo de autorização 

Chamada Aberta ARA 4 Ymã – Outono + Inverno 2018

Revista ARA informa:

Aberta chamada para novas contribuições para ARA 4 YMÃ Outono+Inverno 2018.
Submissões de 22 de setembro a 15 de dezembro de 2017.

O número Quatro da Revista ARA aceitará Submissão subordinada ao tema – Espaços em movimento. O texto a seguir visa debater alguns aspectos para incentivar múltiplas colaborações, como se pode aferir no site. Confira o artigo da chamada com o tema:

Espaços em movimento: rotas cruzadas
de Maria Cecília França Lourenço, convite para reflexão.

Baixe aqui as Condições para Submissão.

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baixe o Modelo ARA e utilize os estilos definidos pela Editoria de Arte. 

Modelo de autorização 

Rodrigo Christofoletti lança novo livro

Bens Culturais e Relações Internacionais: o patrimônio
como espelho do soft power discute como o controvertido
conceito de poder brando tem mobilizado estudiosos a
pensarem sobre seus impactos, cada vez mais decisivos no
mundo globalizado. O objetivo central deste livro é detalhar
como o poder brando é problematizado na agenda
internacional contemporânea, focalizando um de seus
elementos menos discutidos: o universo dos patrimônios
culturais nacionais/ internacionais e a relação existente
entre os atores e a ações preservacionistas. O poder brando
é a habilidade de influenciar os outros a fazer o que você
deseja pela atração ao invés da coerção. Enquanto o
patrimônio cultural incorpora diferentes valores e pode ser
instrumentalizado para servir distintos objetivos
econômicos, sociais e políticos dentro de contextos de
desenvolvimento, as relações internacionais e seus
múltiplos atores começam a despertar para a potencialidade
do poder brando. Há aqui um nexo causal interessante a ser
analisado, pois com a apropriação do patrimônio cultural
para fins comerciais e políticos dentro das economias de
todas as partes do globo, sua conservação desempenha um
papel importante na diplomacia cultural, elevando seu status
a uma elaborada tática de soft power em diferentes países
do mundo.

Veja no link: http://www.unisantos.br/edul/detalhes.php?ckset=ok&tipo_material=L&categoria=0&cod=160

Regina Lara expõe no Museu do Vidro em Portugal

Abriu no dia 8/4, no Núcleo de Arte Contemporânea do Museu do Vidro  de Marinha Grande em Portugal a exposição ” Vidro e Luz-transparência, translucidez e opacidade” que congrega um diálogo procedimental e criativo entre quatro artistas: a brasileira Regina Lara, membro do Grupo Museu Patrimônio e do Conselho Editorial da Revista ARA , a portuguesa Teresa Almeida, a estoniana Mare Saare e a irlandesa Suzannah Vaughan. A produção é resultado da investigação pós-doutoral  realizada na VICARTE – Unidade de Investigação de Vidro e Cerâmica para as Artes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

7o Seminário Moda Documenta & 4o Congresso Internacional de Memória, Design e Moda

29, 30, 31 de maio de 2017 | São Paulo

www.modadocumenta.com.br

O Seminário Moda Documenta e o Congresso Internacional de Memória, Design e Moda são eventos de caráter técnico-científico e integram as ações educativas do Museu da Indumentária e da Moda, o MIMo. Os dois eventos ocorrem simultaneamente e são chamados de Moda Documenta. Com periodicidade anual, acontecem sempre durante o mês de maio e suas programações integram a Semana de Museus ¹.

O Moda Documenta objetiva propor e debater diretrizes para a implementação e disponibilização de acervos físicos e digitais. Busca promover reflexões que privilegiem os aspectos relativos à memória, à cultura material, à museologia e à moda, sobretudo, volta-se à reflexão dos modos de vestir em suas múltiplas perspectivas e possibilidades analíticas, considerando que o vestir abrange o fazer, o saber, o ser, o estar, o sacralizar e o descartar. Tais campos são enfocados em suas diferentes propostas de registro, catalogação, sistematização, análise e disseminação do conhecimento em Museus e Museologia, História, Antropologia, Design, Moda e áreas afins.

O evento contempla mesas redondas, conferências, palestras e reúne os grupos de trabalhos (artigos) e sessão técnica (painéis digitais). Nelas, são apresentadas pesquisas realizadas em pós-graduação, de professoras e professores ou, ainda, de  profissionais de galerias de artes, bibliotecas, tecitecas, instituições museológicas ou arquivísticas.

O Seminário Moda Documenta foi idealizado por Kathia Castilho e Márcia Merlo no início de 2011, quando as pesquisadoras trabalhavam na criação do MIMo – Museu da Indumentária e da Moda. Como evento sistemático e frequente, o Seminário se apresenta como um fórum permanente de pesquisa, sobretudo no momento em que se integrou a ele o Congresso Internacional de Memória, Design e Moda, em 2014.

O MIMo integra o Diretório de Grupos de Pesquisa do IBRAM e seu  site experimental pode ser acessado pelo endereço: www.mimo.org.br

 

¹ A Semana de Museus é organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) desde 2003 e ocorre durante  o mês de maio, em comemoração ao Dia Internacional dos Museus, dia 18 de maio.