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CHAMADA ABERTA ARA 7 Horizontes extremos: desafios ou fronteiras
Angela Maria Rocha e Marcia Sandoval Gregori
chamam ao debate Horizontes extremos: desafios ou fronteiras.
Submissões aceitas até 18/08/2019 pelo portal de revistas da USP
http://www.revistas.usp.br/revistaara/index
ARA 6 YMÃ Curadoria, Argumento, Fricção
Está disponível a Revista ARA 6 cujo tema versa sobre
CURADORIA, ARGUMENTO, FRICÇÃO 2019 v. 6 n. 6
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Chamada Aberta para REVISTA ARA 6 Curadoria, Argumento, Fricção
Chamada aberta até o dia 5 de Fevereiro de 2019
Curadoria, Argumento, Fricção
Marcos Rizolli
Professor no Programa de Pós-Graduação em
Educação, Arte e História da Cultura (UPM),
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil.
marcos.rizolli@mackenzie.br
Entre argumentos [pesquisa, comunicação, educação, público, sociedade] talvez, se estabeleça o fazer curatorial.
Entre fricções [coleção, exposição, mediação, gestão, profissão] talvez, se manifeste o curador.
Aquela função e aquele sujeito, detentores de uma funcionalidade moderna, que desenvolvem projetos relacionados à elaboração de campos teóricos e reflexivos acerca das manifestações artísticas e seus processos.
O curador (comissário ou conservador) pode atuar em galerias de arte, museus, centros culturais e instituições afins e se define como o responsável pela concepção, ordenação, montagem e supervisão de uma exposição ou da amostragem de acervos e conjuntos artísticos, culturais e documentais. Geralmente considerado especialista, transita entre conceitos de linguagem, arte, história, filosofia e estética.
Da origem latina, curador [o sujeito: tutor] e curadoria [o substantivo: tutoria técnico-administrativa] fundem-se e se fundamentam na ação de comunicar, conservar e preservar obras artísticas e patrimoniais – materiais e imateriais, entre natureza, homem e cultura.
Essa consciência funcional e profissional teve seu surgimento em meados do século XX e adquiriu, no breve período de sua existência, significativa presença e relevância para a concepção de exposições.
Dos argumentos às fricções, o exercício dessa atividade tem por objetivo determinar o conteúdo da exposição, normalmente obtido por meio de agrupamentos e articulações de semelhanças ou diferenças perceptivas ou conceituais que as obras possam revelar. Para isso, geralmente determina-se um conceito ou tema, a partir do qual, funcionando como um fio condutor, elabora-se procedimentos para obtenção de uma unidade – ou, idealmente, a sua ordenação.
Mais do que cuidar e preservar, a curadoria deve apresentar argumentos e promover as suas fricções entre diferentes artefatos – obras de arte, objetos, documentos e toda sorte de materialidades e tecnologias – e diversificados públicos, em ambientes e espaços sociais.
A inerente demanda de articulação, vinculada ao curador e à curadoria, requer aguda multidimensionalidade: antevisão e planejamento, seleção e combinação, averiguação de mérito e medição de valor, exposição e mediação, comunicação e educação, arte e cotidianidade, patrimônio!
Decisões curatoriais exigem escolhas e renúncias, orientadas por concepções (limitadas) e seus recortes (aparentemente ilimitados).
Assim, a curadoria deveria proporcionar um diálogo tensional entre os artefatos expositivos e os conceitos neles encapsulados, responsabilizando-se por supervisionar a montagem da exposição, sua manutenção, a elaboração de textos de apresentação e divulgação, a fim de propiciar maior visibilidade e proximidade entre as obras e o público.
A curadoria, em sua concepção, deveria requerer: investimento criativo; inteligência relacional, capacidade de compartilhamento com artistas e público; conhecimentos artísticos, técnicos e culturais; pró-atividade em projetos infraestruturais.
A curadoria, então, deveria desempenhar um imprescindível papel na produção e na gestão cultural contemporânea, ao configurar: diversidades culturais, diversidades de públicos, diversidade de entendimentos, vozes, formas, pensamentos; intensas relações entre o público e o privado, entre o bem de todos e as novas formas de privatização; distribuição universal dos bens culturais como elementos fundamentais da expansão das práticas e consciências de linguagem; circulação de conhecimentos em arte e da produção simbólica como motor de sustentabilidade e mudanças na cidadania. Tudo para promover díspares visões e possibilitar novas formas de conhecimento – do não-verbal ao verbal.
No passado clássico, em O Simpósio, Platão declarou que beleza é ordem.
Seria esse, então, o fundamental empenho da curadoria, no presente?
Mas, como dar ordem ao contemporâneo pautado pela alucinante geração, circulação e interpretação de dados e, tão agudamente compreendido pelas fenomênicas artísticas contemplativas, interacionistas, interativas? Tudo ao mesmo tempo?
Ordem seria, então, a ideia de inteligibilidade?
Seria, desse modo, a tarefa do curador e da curadoria, com seus argumentos, promover fricções! Nos sentidos e nos pensamentos! Dar nova ordem, para nos depararmos com novas e outras belezas?
REFERÊNCIAS
Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas – ANPAP. Regimento: Artigo 25º; 2013.
Conselho Internacional de Museus – ICOM. Conceitos-chave da Museologia; 2013. Fundação Nacional de Arte – FUNARTE. http://www.funarte.gov.br/
ICOM Brasil elaborou, com a colaboração dos seus Conselheiros, uma nota técnica sobre a MP nº 850/2018
Revista ARA 5 envio de artigos até 05.08.2018
Entre os dias 30 de julho e 03 de agosto o Portal de Revistas da USP estará em manutenção para atualização do Open Journal Systems para a versão OJS 3.1.1-2.
Por este motivo, o prazo para submissão de artigos da Revista ARA n. 5 ampliou para o dia 05.08.2018.
Em caso de dúvidas entre em contato pelo email revistaarafau@usp.br
Agradecemos sua colaboração.
Revista ARA
A Revista ARA PRORROGOU chamada até o dia 05 DE AGOSTO 2018
A Revista ARA N.5 PRORROGOU chamada até o dia 05 DE AGOSTO 2018,
Configurações: entre limites e indeterminação
será o tema da edição ARA 5 PYAU Primavera+Verão 2018,
Celso Favaretto, Professor Livre Docente da Faculdade de Educação, convida para reflexão:
Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.
Ao se recusar as promessas redentoras da totalidade, da teleologia dos sistemas de pensamento, enfim dos sistemas de representação, a aposta que se tem que fazer é a de não se render à tentação de preencher, de colmatar, um suposto vazio; talvez a aposta seja a de trabalhar nos interstícios, nas fissuras desta experiência difícil de configurar. Talvez se trate, na linguagem, no pensamento e na arte de assumir as coisas em sua singularidade e na forma, onde podem aparecer frestas, deslocamentos e aí descobrir, como na música, uma dicção, um timbre, uma tonalidade. Assim, ao invés dos desenvolvimentos críticos habituais, em que o que é pensado como resistência ainda vive das ilusões do sujeito, da totalidade, das promessas da razão, trata-se de explorar a resistência na forma – na linguagem, no pensamento, na arte, pois “só a forma ataca o sistema em sua própria lógica”[1]. Nesta perspectiva, criticar é jogar, desde que se enunciem as regras do jogo. Criticar, resistir, é uma aposta.Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.
Assim entendendo, a nossa atualidade, esta perspectiva do que pode ser o nosso contemporâneo como singular relação com o tempo, implica uma contínua e variada reflexão que incide nas descontinuidades dessa paisagem desconhecida, que aqui e ali, em surpreendentes lances articula rigor simbólico e maleabilidade de comportamentos; ideias e ações que não são suficientemente fortes para fundamentar uma prática com poder de transformação, mas que antes investem ações fundadas nas intensidades do instante e do gesto. Não mais interessada em problematizar a ideia de arte, seus processos e promessas, mas na sua materialidade propriamente reflexiva e comportamental, a questão toda agora é a da eficácia das ações. Lembrando Oiticica: “a tarefa do artista não é criar, é mudar o valor das coisas[2]. Feitas de vigor de pensamento e de paixão, estas ações muito longes de qualquer desejo de totalização da experiência, como ocorre nos cálculos das culturas de consolação – sejam aquelas apoiadas no estilo, nas maneiras de apresentação dos objetos, em que vige a estetização generalizada; sejam as que acreditam que a arte e a cultura podem salvar o mundo – não nos demitem da obrigação de construirmos nosso itinerário de salvação. Rejeitando o aceno reiterado que vem de toda parte que afirma uma espécie de unidade em que, como diz Lyotard, “todos os elementos da vida cotidiana e do pensamento encontrariam um lugar como em um todo orgânico”[3], ambas as direções aspiram à restauração de fundamentos e modos de vida. Nos dois casos a “arte” e a “cultura”, entificados, realizariam no futuro do presente essa crença no poder redentor dos sonhados limites que uma vez teriam garantido – mas embalde – a emancipação do homem de sua menoridade.
[1] Jean Baudrillard. De um fragmento ao outro. Trad. Guilherme J. de F. Teixeira. São Paulo: Zouk, 2003, p. 39.
[2] Hélio Oiticica. Experimentar o experimental (1972). Navilouca. Org. Torquato Neto e Waly Salomão. Rio de Janeiro: Gernasa, 1974
[3] Jean-François Lyotard. O pós-moderno explicado às crianças. Trad. Tereza Coelho. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987, p. 15.
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Chamada aberta ARA 5 PYAU
A Revista ARA está com chamada aberta até o dia 26 de junho 2018,
Configurações: entre limites e indeterminação
será o tema da edição ARA 5 PYAU Primavera+Verão 2018,
Celso Favaretto, Professor Livre Docente da Faculdade de Educação, convida para reflexão:
Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.
Ao se recusar as promessas redentoras da totalidade, da teleologia dos sistemas de pensamento, enfim dos sistemas de representação, a aposta que se tem que fazer é a de não se render à tentação de preencher, de colmatar, um suposto vazio; talvez a aposta seja a de trabalhar nos interstícios, nas fissuras desta experiência difícil de configurar. Talvez se trate, na linguagem, no pensamento e na arte de assumir as coisas em sua singularidade e na forma, onde podem aparecer frestas, deslocamentos e aí descobrir, como na música, uma dicção, um timbre, uma tonalidade. Assim, ao invés dos desenvolvimentos críticos habituais, em que o que é pensado como resistência ainda vive das ilusões do sujeito, da totalidade, das promessas da razão, trata-se de explorar a resistência na forma – na linguagem, no pensamento, na arte, pois “só a forma ataca o sistema em sua própria lógica”[1]. Nesta perspectiva, criticar é jogar, desde que se enunciem as regras do jogo. Criticar, resistir, é uma aposta.Para uma crítica do nosso tempo, vale a observação: não mais, mas ainda não. Não mais os limites que a cultura moderna estabeleceu como horizonte de realização das promessas da emancipação; ainda não porque a queda das metanarrativas modernas, implica o arruinamento dos sistemas de justificação de qualquer universalidade, não permite contudo que se espere um substitutivo para um horizonte de interpretações, contudo ainda operantes, que permita orientar os modos de pensar, sentir e agir. Indeterminação, quer dizer: imersão no intolerável da experiência contemporânea, na obscuridade do presente, livre da pretensão de restauração de um tempo de promessas ou do anelo, consolador, de uma outra época do mundo suposta como de superação dos impasses do presente e dos fracassos do passado. Essa atualidade, que distanciando-se do ímpeto moderno de clareza mas também da necessidade de afastamento das seduções do presente, apresenta sintomas de transformações, evidenciados no trabalho de anamnese sobre os dispositivos modernos: acena, indicia, alude a um processo de elaboração que, por entre fatos, ideias, redes, múltiplos acontecimentos, deslocamentos e sobreposições, nos interpelam pintando uma paisagem desconhecida que é preciso decifrar e configurar.
Assim entendendo, a nossa atualidade, esta perspectiva do que pode ser o nosso contemporâneo como singular relação com o tempo, implica uma contínua e variada reflexão que incide nas descontinuidades dessa paisagem desconhecida, que aqui e ali, em surpreendentes lances articula rigor simbólico e maleabilidade de comportamentos; ideias e ações que não são suficientemente fortes para fundamentar uma prática com poder de transformação, mas que antes investem ações fundadas nas intensidades do instante e do gesto. Não mais interessada em problematizar a ideia de arte, seus processos e promessas, mas na sua materialidade propriamente reflexiva e comportamental, a questão toda agora é a da eficácia das ações. Lembrando Oiticica: “a tarefa do artista não é criar, é mudar o valor das coisas[2]. Feitas de vigor de pensamento e de paixão, estas ações muito longes de qualquer desejo de totalização da experiência, como ocorre nos cálculos das culturas de consolação – sejam aquelas apoiadas no estilo, nas maneiras de apresentação dos objetos, em que vige a estetização generalizada; sejam as que acreditam que a arte e a cultura podem salvar o mundo – não nos demitem da obrigação de construirmos nosso itinerário de salvação. Rejeitando o aceno reiterado que vem de toda parte que afirma uma espécie de unidade em que, como diz Lyotard, “todos os elementos da vida cotidiana e do pensamento encontrariam um lugar como em um todo orgânico”[3], ambas as direções aspiram à restauração de fundamentos e modos de vida. Nos dois casos a “arte” e a “cultura”, entificados, realizariam no futuro do presente essa crença no poder redentor dos sonhados limites que uma vez teriam garantido – mas embalde – a emancipação do homem de sua menoridade.
[1] Jean Baudrillard. De um fragmento ao outro. Trad. Guilherme J. de F. Teixeira. São Paulo: Zouk, 2003, p. 39.
[2] Hélio Oiticica. Experimentar o experimental (1972). Navilouca. Org. Torquato Neto e Waly Salomão. Rio de Janeiro: Gernasa, 1974
[3] Jean-François Lyotard. O pós-moderno explicado às crianças. Trad. Tereza Coelho. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987, p. 15.
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