Mais um site?

01_foto-ciça-e1459974104844PEQ

Maria Cecília França Lourenço

Museu, como parte de patrimônio, constitui instituição a reunir longa série de formas, soluções, técnicas, materiais, inquietações, apreciação, utilidades, espaços e tempos, já que bens foram retirados do meio em que surgiram. Dispostos ao olhar por trabalho humano, obras colecionadas e/ou as integrada a acervos exigem interpretação, inserção em circuito de fruição pública, pesquisa, frequentação, atenção, crítica, respeito ao receptor e viés indagador para se transmutar em patrimônio.

Acrescente-se que patrimônio é uma construção, formulada em dado espaço e tempo, sem valor universal, cuja valência se deu por consenso e sempre demanda explicitação clara para espectadores. Museu precisa esclarecer sobre o que representam, a que história se vinculam, com que tendências dialogam, contra quais se insurgem, quais os espaços e tempos imbricados e quais as memórias ou esquecimento a que concernem. Quem pergunta? Quem afiança? Quem credita?

Durante longo percurso, o patrimônio salvaguardado adveio de valores materiais, por denotar categorias, entre muitas, as de testemunho notável, belo, incomum, valioso e exponencial para dado setor. Em contraste, outras invenções humanas entraram em colapso, por obsolescência de uso, fim, intento, estilo, desígnio, ou material e solução empregados.

Vereditos de valor ou repúdio atendem a interesses elevados ou não, se originam de fricção entre segmentos e não raro residem em intenções irreveláveis. No entanto cabe a cada geração rever tanto qualidades quanto depreciativos do coletado, sendo o estudo universitário um dos fóruns admiráveis para engendrar dúvidas e problematizar o consagrado pela história, o costume e o senso comum.