Revista ARA PRORROGA a SUBMISSÃO PARA DIA 8 DE ABRIL DE 2024

A Equipe Editorial da Revista ARA 16 comunica que está 

PRORROGADA A SUBMISSÃO PARA DIA 8 DE ABRIL DE 2024. 

O Presente é todo o passado e todo o futuro

Este é o tema da edição ARA 16. Confira o texto de abertura elaborado pela Professora Teresa Almeida, docente da Faculdade de Belas Artes Universidade do Porto (FBAUP) e Vicarte – Unidade de investigação vidro e cerâmica para as artes da Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova Lisboa, Portugal. Teresa também é editora e membro do conselho editorial da Revista FAU USP.

Chamada REVISTA ARA 16 FAU USP

Acesse o portal de Revistas da USP e faça sua submissão até o dia 8 DE ABRIL de 2024.

Aguardamos a sua contribuição.

CHAMADA ABERTA ARA 16

O Presente é todo o passado e todo o futuro

 

Este é o tema da edição ARA 16. Confira o texto de abertura elaborado pela Professora Teresa Almeida, docente da Faculdade de Belas Artes Universidade do Porto (FBAUP) e do Centro de investigação vidro e cerâmica para as artes – Vicarte da Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova Lisboa (FCT/UNL), Portugal. Teresa também é editora e membra do conselho editorial da Revista ARA FAU USP.

Chamada REVISTA ARA 16 FAU USP

Acesse o portal de Revistas da USP e faça sua submissão até o dia 20 de FEVEREIRO de 2024.

Aguardamos a sua contribuição.

Equipe Revista ARA 

PRAZO PRORROGADO ATÉ 21 DE MARÇO DE 2023 REVISTA ARA 14

A equipe editorial da Revista ARA, prorrogou o prazo de submissão de artigos da edição ARA 14 com o tema “[…] Brilhar um brilho eterno, Gente é para brilhar […]”

ENVIE SUA CONTRIBUIÇÃO ATÉ terça-feira  DIA 21 DE MARÇO DE 2023, participe e colabore com a Revista ARA.

https://www.revistas.usp.br/revistaara

Uma publicação do GRUPO MUSEU/PATRIMÔNIO – GMP  FAUUSP  

 

Chamada Aberta ARA 14 com o tema : “[…] Brilhar um brilho eterno, Gente é para brilhar […]”

Envie sua contribuição até o dia 7 de Março de 2023

para a Edição ARA 14,

“[…] Brilhar um brilho eterno, Gente é para brilhar 1[…]”

texto de Adrienne Firmo – Baixe aqui o texto completo da chamada

Se o mundo ficar pesado Eu vou pedir emprestado A palavra poesia […] Se acontecer afinal De entrar em nosso quintal A palavra tirania Pegue o tambor e o ganzá Vamos pra rua gritar A palavra utopia.             (JONATHAN SILVA, Samba da utopia, 2018)

Na noite do dia 02 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções consumiu a maior parte do acervo histórico e científico do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, bem como parcela do edifício da sede – evento entre outros de devastação de órgãos de cultura e educação ocorridos em período próximo – a transformar luzeiro em cinzas e materializar as mazelas e os sufocamentos que assolariam o país nos anos seguintes, sob um governo de intenções totalitárias que arrastaria o Brasil e seu povo a uma série de crises econômicas, políticas, sociais, ambientais e sanitárias, lançando-nos à acentuação da literalidade de um Real cruento, afastando-nos de metáforas ou alegorias, por meio do achatamento propositado de nossas dimensões culturais e educacionais, expressivas de nosso ser comum e dependentes de políticas públicas que as impulsionem. Projeto este iniciado poucos anos antes por meio de um golpe ao governo democraticamente eleito, em 2014, e instalação de acirrado programa neoliberal e excludente, orientado pelo documento chamado “Uma ponte para o futuro” (2015)2, que, por um lado, reeditava o chicê de Brasil como país do futuro, a nos malograr o presente, por outro, ainda, nos impõe a considerações sobre o devir povo e país que nos propomos enquanto indivíduos e sociedade, porque “a gente quer viver uma nação, a gente quer ser um cidadão”3.

O legado desse período, curto, mas intenso em suas investidas destrutivas, põe-nos diante de escombros e destroços pessoais e coletivos, como os da perda de direitos sociais, da pauperização, da devastação do meio ambiente, do embotamento psíquico e da morte, concretamente experimentada na perda de quase 700 mil pessoas pela Covid 19, institucionalmente impulsionada, recolocando a pergunta sobre nosso futuro nos termos de como dotar esses fragmento presentes de significados que nos reorganizem em sociedade voltada para o bem comum e engendrada para o bem viver coletivo.

O conceito de ruína, conforme elaborado por Walter Benjamin (1892-1940), pode ajudar-nos a iluminar as sendas por que caminharemos, enquanto trevas ainda nos rondam, estaria ligado a uma ação histórico-destrutiva, seus fragmentos seriam objetos possíveis de serem deslocados do tempo linear, pelo rompimento no tempo progressivo, a fim de expressar o caráter destrutivo da própria história e, assim, permitir a antecipação de catástrofes vindouras, justamente pela consciência histórica neles presente, de modo a libertar o futuro que o passado não teve, porque, para Benjamin, a história não é linear, mas “um tempo saturado de agoras”4.

Em Origem do drama trágico alemão (2011), Benjamin considera a obra de arte, o que tomamos aqui como a cultura em suas mais diferentes expressões, ruína, pois é indício do que foi e potência futura, registro e promessa, sendo trabalho do alegorista (aquele interessado em ressignificar o já ido e a “contar a história que a História não conta”)5, desvendá-la, liquidar as totalidades constituídas e conclamar a significados fora daqueles contextos, a fim de expor a história como história mundial do sofrimento e significativa nos momentos de declínio.

As concepções benjaminianas – como ruína, fragmento, estilhaço deslocado do tempo linear, história como construção e tempo saturado de agoras a liberar o futuro que o passado não teve, bem como a conceituação de barbárie como cultura, memória, experiência e construção de outra tradição, diferenciada daquela que é violência, poder, estado de exceção, perigo e terror – permitem o entendimento desse nosso passado ainda presente e espedaçado, mais que referência, como objeto de conhecimento para a construção do futuro, de um viver histórico não linear, de um real constituído a partir do trauma e do abjeto, da destruição, da cultura como ferida de tal devastação, retornada como recalque, que é o fragmento silenciado do vivido, agora restituído e a antecipar futuros, repetição e retorno inerentes à sociedade de produção e consumo em série, pautada pela dinâmica do descarte e da circulação de tudo como mercadoria, que a leitura anacrônica e crítica de suas partículas revistas pode produzir novo campo de tensões, antever latências e crises a fim de constituir um diferente vir a ser, “para que amanhã não seja só um ontem com novo nome”6.

O volver do reconhecimento da fragilidade de nossas políticas públicas reimplica-nos a exacerbar a diligência quanto ao fortalecimento e garantia de estabilidade até mesmo das mais singelas conquistas. Tomando cultura e educação como alicerces da constituição dos grupos humanos e do próprio indivíduo, como campo de tomada de consciência e afirmação da liberdade, emergem, nesse contexto, como domínios a serem defendidos e caucionados na esfera pública em suas concepções de como essencialmente democráticas e humanistas, livres de formalismos estéreis, mas que alcancem, elas sim, a concretude, como são concretos os homens. Conforme propôs Paulo Freire (1921-1997), que sejam práticas da liberdade, escapes da alienação ou minimização da consciência, que permitam ao homem ser sujeito de si mesmo e ao povo ser sujeito de sua história. Torna-se, portanto, urgente e crítico o esforço, sobretudo pelas comunidades acadêmica, cultural, científica e artística, vilipendiadas e dispersas sobremaneira nos últimos anos no país, na reconstrução sólida de educação e cultura que renovem os laços das possibilidades de investigação e criação, que escapem de imposições verticalizadas – como as propostas pelos meios de comunicação, pela indústria cultural, pela mercantilização do ensino e pelo mau uso das tecnologias – e resgatem a liberdade criativa e o conhecimento desmistificado.

O número 14 da Revista ARA, procura nos acionar a tarefa árdua e ética do trabalho incansável em busca da realização da justiça social e do conhecimento, ao mesmo tempo, de preservação e estímulo do fulgor, ainda que em meio ao obscuro e ao precário, na certeza de que “gente é pra brilhar e não pra morrer de fome”7, é espelho das estrelas e reflexo do esplendor. Convoca-nos a transvalorar a violência e o medo recentemente vividos em amor e destemor, a atravessarmos a escuridão da noite a cismar nossos quefazeres para um amanhecer luminoso e solar à nossa frente, a cuidarmos de germinar nossas flores entre qualquer rancor 8. A revista, em seu apreço zeloso pelo coletivo e pela diversidade, abre sua chamada para trabalhos comprometidos com propostas de revalorização das instâncias culturais, artísticas, científicas, ambientais, sanitárias e educacionais, em variadas formas, artigos, ensaios, imagens e outros, tendo como fim a contribuição na ampliação dialógica dos temas que hoje nos são caros e urgentes, bem como compreendermos nossos silêncios e estupefações recentes. Vladimir Maiakovski (1893-1930), no poema que inspira o número 14 de ARA, em debate com o Sol, é convocado por este a resplandecer tanto quanto o astro celeste, entre seus trabalhos de elevação da consciência social do povo e sua produção poética, missão e disposição que, hoje, cabe a cada um, a cada gente para que brilhe e, juntos, brilhemos mais.

“Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar

[…]

Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor.”

(BETO GUEDES, O sal da terra, 1981)

Notas

1. Vladimir Maiakovski, A extraordinária aventura vivida por Vladimir Maiakovski no verão na datcha, 1920 (tradução Augusto de Campos).

2. Plataforma política do governo Michel Temer (2016-2018).

3. Gonzaguinha, É, 1988.

4. Tese 14 sobre o conceito de história, 1940

5. Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino/ GRES Estação Primeira de Mangueira, História para ninar gente grande, 2019.

6. Emicida, AmarElo, 2019.

7. Caetano Veloso, Gente, 2018.

8. Ver Taiguara, Carne e osso, 1971.

Bibliografia citada

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232 (Tese 14 sobre o conceito de história).

____________. Origem do drama trágico alemão (ed. e trad.: João Barrento). Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

MAIAKOVSKI, Vladimir. “A extraordinária aventura vivida por Vladimir Maiakovski no verão na datcha”, 1920 (tradução Augusto de Campos), in PITHON, M.; CAMPOS, N. (orgs.). Poemas russos. Belo Horizonte: Viva Voz/FALE/ UFMG, 2011, p. 20-23.

GMP no Museu do Futebol

No dia 19 de Março de 2022, o GMP se reuniu no Museu do Futebol de São Paulo, a convite da Diretora Executiva Renata Vieira da Motta, para discutir o Plano Museológico bem como a renovação dos espaços do museu. Após a visita, no cafezinho, a roda de conversa permitiu debater as propostas, avaliação e conteúdo em pauta bem como uma reflexão do grupo e da direção sobre as tensões e as potencialidades dos espaços do museu. 

Ampliado NOVO prazo para entrega das submissões Revista ARA FAUUSP n.12 para 10/05/2022

 

 

Artes: outros modos de produção e recepção?


(…) Tratava-se do pressentimento de que o pensamento humano, mudando de forma, mudaria de modo de expressão; a idéia capital de cada geração não se escreveria mais no mesmo suporte e nem da mesma maneira, e o livro de pedra, tão sólido e tão durável, cederia vez ao livro de papel, ainda mais sólido e mais durável. Assim sendo, a vaga fórmula do arquidiácono escondia um segundo sentido; ela significava que uma arte destronaria outra. O que a frase queria dizer era: a imprensa matará a arquitetura. Victor Hugo,(1830) 2013, p.189

Na maré de incertezas e inseguranças quanto ao presente e carência de perspectivas para o futuro, reencontramos nas mais diversas linguagens da arte meios de sobreviver, acalmar nossos espíritos, alimentar esperanças e expandir indignação perante infinitude de perversidades. Por meio da música, da literatura, das artes cênicas e do cinema, das produções audiovisuais independentes e documentários, das artes plásticas, gráficas e visuais, somos acalentados ou provocados pela sensibilidade artística. As artes nos vestem de possíveis sonhos para imaginar o apaziguamento climático, a recomposição dos biomas naturais, o reverdecer dos povos originários e das minorias étnicas, femininas, sociais e políticas em distribuição mais justa do alimento e das condições de vida, para algo mais que a tenaz luta hodierna pela sobrevivência. Doses de humanidade poderiam cair como chuva torrencial, além de molhar nosso planeta com solidariedade, bondade e alteridades geopolíticas. A promessa da revolução digital se mostra cada vez mais avessa à democratização da informação, assistimos atônitos à enxurrada de mentiras, inversãodefatos,ódioedesinformação.Aesperadadosedehumanidadenãocaidocéufeitochuva, mas nasce da pele e brota pelo suor, nos poros do esforço e no embate por existir e resistir, respiramos e exalamos arte, sensibilidades belas ou sofrimentos, melodias em palavras, gestos ritmados a pensar e instaurar lugar no mundo. Enfrentamos o atual dilema: o digital matará o humano? A revista ARA convida todos a pensar em outros modos de produção e recepção da arte, e por meio desta chamada indagativa, reaviva debates acerca das linguagens, perguntamos em coro: o que está acontecendo no modo do fazer artístico? Quais são os outros modos de produção do universo digital? É possível se emocionar assistindo a uma peça teatral online? Há alguma novidade em feituras manuais e processos criativos? E sobre observar, escutar e fruir? A recepção mudou? O aqui e agora da obra de arte, por mais perfeita que seja sua reprodução, disse Walter Benjamin, encerra sua autenticidade, porém, também a liberta do domínio de sua tradição. A existência em massa, da qual o autor, amplia sua recepção e “atualiza o objeto reproduzido”. (BENJAMIN, (1935-38) 2017, p.15) Se em meados da década de 1930 o cinema era o agente poderoso em voga, hoje estaríamos diante de outro meio, seria possível pensar a produção e a recepção digital? Deste processo intensamente vivenciado nos períodos de isolamento social em meio a pandemia, nos anos de 2020 e 2021, do que se trata ao acompanhar um espetáculo teatral online do sofá de casa, visitar uma exposição ou participar de um show ao vivo ou no vocábulo atual, às populares Lives mediadas porumatela?Megas e terabytes são capazes de nos emocionar? Qual espaço percorremos sem caminhar e sem movimentar nossos corpos ao visualizar pinturas e esculturas por meio de um tour virtual em uma maquete eletrônica?
Nesse mar de manifestações transmitidas por telas, a exclusão daqueles menos favorecidos se escancara. Para acesso aos inúmeros eventos é preciso rede de dados veloz sem intermitência e computadores, celulares ou tablets atualizados. Dados de pesquisas recentes1 apontam que a falta de conexão está diretamente ligada à renda, tanto pelo acesso a dados e banda larga, como celulares mais robustos e até mesmo computadores. Assim, perguntamos se a dimensão emancipadora da arte estaria se ampliando ou restringindo com a propagação online das manifestações artísticas. E a produção? Se “tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação”, estaríamos diante de um paradigma do qual Guy Debord já anunciou passado meio século, o espetáculo como movimento autônomo do não-vivo, como a relação social entre pessoas mediadas por imagens. Se o espetáculo é o modo de produção, estaríamos chegando ao ponto em que a relação se faz somente entre imagens que intermediam pessoas? Enquanto transforma-se os modos de existência das sociedades os modos de percepção acompanham tais alterações e enfim, o que se agrega e o que se perde com outros modos de produção e recepção? Quem está inserido e quem está excluído? Uma das principais contribuições da teoria estética da recepção, pelo crítico literário alemão Hans Robert Jauss, é a ênfase de que obras de arte só existem dentro da moldura, configuradas pela recepção, ou seja, pelas interpretações que deles foram feitas ao longo da história. Esta recepção é uma fórmula aberta entre a correção e a formulação de nossas experiências. Sua estética acentua de forma particular a historicidade e o caráter público da arte ao colocar em seu centro o sujeito que percebe e o contexto em que as obras são recebidas. Se em meados do século XIX a imprensa atemorizou outras formas de ler o mundo, o mundo digital incita outros modos de produção e recepção das artes? A Revista ARA convida a comunidade acadêmica, entre alunos e docentes, colaboradores e estudiosos, a pensar sobre os outros modos de produção e recepção das artes, tendo em vista o entendimento amplo da arte para as mais variadas e diversas linguagens e suportes, da música ao cinema, do teatro às artes plásticas, da literatura e poesia às artes públicas e urbanas, da performance à dança. Indaga sobre as diferenças aceleradas ao acesso dos canais e meios digitais, estaríamos ampliando as exclusões perante obstáculos financeiros para acionar dados e conexão de internet em boas condições? Ampliamos o fosso das desigualdades perante as promessas digitais e vivenciamos abismos sociais causados pela exclusão sócio digital? Como é possível ler essas transformações em meio ao bombardeio de dados que nos acomete diariamente? Ações participativas, ativação em comunidades seriam caminhos para atenuar abismos e fronteiras sensíveis?


amanda saba ruggiero


BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. in Walter BenjaminEstética e sociologiada arte.Trad. João Barreto. Belo Horizonte: Autêntica,2017. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: contraponto, 1997. HUGO, Victor. O corcunda de Notre Dame. trad. Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Zahar.2013. JAUSS, Hans Robert.Pequeña apología de la experienciaestética.Trad. Daniel Innerarity. Barcelona: Paidós,2002.


1 Estudo realizado pela PwC e o Instituto Locomotiva, e TIC Domicílios realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, publicados em 13 de set. de 2021 em matéria do Jornal Estado de S.Paulo, no caderno “Economia e Negócios”.

CHAMADA aberta para REVISTA ARA 12 • Artes: outros modos de produção e recepção?

A equipe da revista ARA e seu conselho editorial convida todos a participar da 12ª edição ARA YMà Outono + Inverno 2022 , enviando artigos e ensaios sob o tema:

Artes: outros modos de produção e recepção?

por amanda saba ruggiero

 

(…) Tratava-se do pressentimento de que o pensamento humano, mudando de forma, mudaria de modo de expressão; a idéia capital de cada geração não se escreveria mais no mesmo suporte e nem da mesma maneira, e o livro de pedra, tão sólido e tão durável, cederia vez ao livro de papel, ainda mais sólido e mais durável. Assim sendo, a vaga fórmula do arquidiácono escondia um segundo sentido; ela significava que uma arte destronaria outra. O que a frase queria dizer era: a imprensa matará a arquitetura.

 Victor Hugo,(1830) 2013, p.189

Na maré de incertezas e inseguranças quanto ao presente e carência de perspectivas para o futuro, reencontramos nas mais diversas linguagens da arte meios de sobreviver, acalmar nossos espíritos,  alimentar esperanças e expandir indignação perante infinitude de perversidades. Por meio da música, da literatura, das artes cênicas e do cinema, das produções audiovisuais independentes e documentários, das artes plásticas, gráficas e visuais, somos acalentados ou provocados pela sensibilidade artística. 

As artes nos vestem de possíveis sonhos para imaginar o apaziguamento climático, a recomposição dos biomas naturais, o reverdecer dos povos originários e das minorias étnicas, femininas, sociais e políticas em distribuição mais justa do alimento e das condições de vida, para algo mais que a tenaz luta hodierna pela sobrevivência. 

Doses de humanidade poderiam cair como chuva torrencial, além de molhar nosso planeta com solidariedade, bondade e alteridades geopolíticas. A promessa da revolução digital se mostra cada vez mais avessa à democratização da informação, assistimos atônitos à enxurrada de mentiras, inversão de fatos, ódio e desinformação. A esperada dose de humanidade não cai do céu feito chuva, mas nasce da pele e brota pelo suor, nos poros do esforço e no embate por existir e resistir, respiramos e exalamos arte, sensibilidades belas ou sofrimentos, melodias em palavras, gestos ritmados a pensar e instaurar lugar no mundo. Enfrentamos o atual dilema: o digital matará o humano? 

A revista ARA convida todos a pensar em outros modos de produção e recepção da arte, e por meio desta chamada indagativa, reaviva debates acerca das linguagens, perguntamos em coro: o que está acontecendo no modo do fazer artístico? Quais são os outros modos de produção do universo digital? É possível se emocionar assistindo a uma peça teatral online? Há alguma novidade em feituras manuais e processos criativos? E sobre observar, escutar e fruir? A recepção mudou? 

O aqui e agora da obra de arte, por mais perfeita que seja sua reprodução, disse Walter Benjamin, encerra sua autenticidade, porém, também a liberta do domínio de sua tradição. A existência em massa, da qual o autor, amplia sua recepção e “atualiza o objeto reproduzido”. (BENJAMIN, (1935-38) 2017, p.15) Se em meados da década de 1930 o cinema era o agente poderoso em voga, hoje estaríamos diante de outro meio, seria possível pensar a produção e a recepção digital? Deste processo intensamente vivenciado nos períodos de isolamento social em meio a pandemia,  nos anos de 2020 e 2021, do que se trata ao acompanhar um espetáculo teatral online do sofá de casa, visitar uma exposição ou participar de um show ao vivo ou no vocábulo atual, às populares Lives mediadas por uma tela? Megas e terabytes são capazes de nos emocionar? Qual espaço percorremos sem caminhar e sem movimentar nossos corpos ao visualizar pinturas e esculturas por meio de um tour virtual em uma maquete eletrônica? 

Nesse mar de manifestações transmitidas por telas, a exclusão daqueles menos favorecidos se escancara. Para acesso aos inúmeros eventos é preciso rede de dados veloz sem intermitência e computadores, celulares ou tablets atualizados. Dados de pesquisas recentes apontam que a falta de conexão está diretamente ligada à renda, tanto pelo acesso a dados e banda larga, como celulares mais robustos e até mesmo computadores. Assim, perguntamos se a dimensão emancipadora da arte estaria se ampliando ou restringindo com a propagação online das manifestações artísticas. E a produção? 

Se “tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação”, estaríamos diante de um paradigma do qual Guy Debord já anunciou passado meio século, o espetáculo como  movimento autônomo do não-vivo, como a relação social entre pessoas mediadas por imagens. Se o espetáculo é o modo de produção, estaríamos chegando ao ponto em que a relação se faz somente entre imagens que intermediam pessoas? Enquanto transforma-se os modos de existência das sociedades os modos de percepção acompanham tais alterações e enfim, o que se agrega e o que se perde com outros modos de produção e recepção? Quem está inserido e quem está excluído?

Uma das principais contribuições da teoria estética da recepção, pelo crítico literário alemão Hans Robert Jauss, é a ênfase de que obras de arte só existem dentro da moldura, configuradas pela recepção, ou seja, pelas interpretações que deles foram feitas ao longo da história. Esta recepção é uma fórmula aberta  entre a correção e a formulação de nossas experiências. Sua estética acentua de forma particular a historicidade e o caráter público da arte ao colocar em seu centro o sujeito que percebe e o contexto em que as obras são recebidas. Se em meados do século XIX a imprensa atemorizou outras formas de ler o mundo, o mundo digital incita outros modos de produção e recepção das artes? 

A Revista ARA convida a comunidade acadêmica, entre alunos e docentes, colaboradores e estudiosos, a pensar sobre os outros modos de produção e recepção das artes, tendo em vista o entendimento amplo da arte para as mais variadas e diversas linguagens e suportes, da música ao cinema, do teatro às artes plásticas, da literatura e poesia às artes públicas e urbanas, da performance à dança. Indaga sobre as diferenças aceleradas ao acesso dos canais e meios digitais, estaríamos ampliando as exclusões perante obstáculos financeiros para acionar dados e conexão de internet em boas condições? Ampliamos o fosso das desigualdades perante as promessas digitais e vivenciamos abismos sociais causados pela exclusão sociodigital? Como é possível ler essas transformações em meio ao bombardeio de dados que nos acomete diariamente? Ações participativas, ativação em comunidades seriam caminhos para atenuar abismos e fronteiras sensíveis?  

 

 

 1. Estudo realizado pela PwC e o Instituto Locomotiva, e TIC Domicílios realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, publicados em 13 de set. de 2021 em matéria do Jornal Estado de S.Paulo, no caderno “Economia e Negócios”.

Referências 

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. in Walter Benjamin Estética e sociologia da arte.Trad. João Barreto. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: contraponto, 1997.

HUGO, Victor. O corcunda de Notre Dame. trad. Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Zahar.2013.

JAUSS, Hans Robert. Pequeña apología de la experiencia estética.Trad. Daniel Innerarity. Barcelona: Paidós, 2002.

 

Revista ARA 11 PYAU • Outro ato. Em direção ao caminho inverso primavera + verão 2021

Está disponível, para acesso gratuito a Revista ARA 11 PYAU •  Outro ato. Em direção ao caminho inverso Primavera + Verão 2021 

É com grande satisfação que apresentamos o número 11 da Revista ARA FAUUSP. Mais uma edição, agora envolta em múltiplos significados devido às circunstâncias insólitas que todos enfrentamos. O fundamento desta empreitada realizar uma revista acadêmica voltada à cultura artística é capturar as sensibilidades possíveis que assomam na realidade presente. Assim, o insólito nos encalça duplamente: a produção prática da edição, submetida às dificuldades das ausências; e o espírito do tempo … este que parece ter dado um piparote em nossas consciências já bastante aturdidas. A finalização de mais um número da Revista ARA FAUUSP resume a tática de manter posições, cuidar do imediato fortalecendo -o – aguardando novas pistas da conjuntura. E assim, ir “caminhando em direção ao caminho inverso”, como sugere a chamada para este número, inspirada em Clarice Lispector. Confira editorial completo de Luiz Recaman neste link

Acesse a revista completa AQUI.

Acesse o experiente da Revista ARA 11 

Para todas as edições da Revista ARA, acesse o portal de revistas da USP em:

https://www.revistas.usp.br/revistaara/index

 

Visita Técnica Museu de Arte Sacra exposição “Nossos artistas italianos” 21.10. 2021

O Grupo Museu Patrimônio retomou as visitas técnicas em museus e exposições em Outubro de 2021. A primeira visita, acompanhada pela curadora e artista Ruth Sprung Tarasantchi, foi ao Museu de Arte Sacra de São Paulo. A curadora da mostra coletiva “Nossos artistas italianos”, selecionou 81 trabalhos, entre pinturas e esculturas dos séculos XIX e XX, assinados por 21 artistas italianos, muitos deles exibidos pela primeira vez ao público. A parceria com a Sociedade dos Amigos da Arte de São Paulo – SOCIARTE, amplia ao público a oportunidade de conhecer obras de italianos que desembarcaram no Brasil ao final do século XIX,  em telas que exploram desde cenas do cotidiano a paisagens da cidade de São Paulo, em contextos, técnicas e imagens de relevância histórica e artística. Além de belas telas e esculturas, a exposição apresenta uma escala muito apropriada para o espaço e uma expografia que merece realce, por meio de disposição oitocentista. A organização por artistas, cujos nomes estão dispostos em evidência e legível nas paredes, organiza a coletiva, aferindo a importância e realçando a presença das particularidades temáticas e técnicas de cada indivíduo. Os agrupamentos das telas nas paredes, permite ao olhar passear pelas diferenças e similitudes das pinceladas, em tons, texturas e formas variadas, muitas vezes permitindo associações entre outros impressionistas, expressionistas e demais participantes dos movimentos transversais aos núcleos historiográficos rígidos e estanques. As esculturas de Victor Brecheret estão posicionadas em suportes ao centro da sala, e em aberturas preexistentes nas espessas paredes de taipa do museu. Uma mostra desenhada para o espaço, em escala e proporções, em quantidade de obras e profundo diálogo com o edifício histórico. O Grupo Museu patrimônio assim, retoma com vigor atenção aos espaços institucionais e expositivos, em visitas técnicas de estudos teóricos e práticos de um campo disciplinar em plena expansão e transformação.